FAQ - Perguntas Frequentes

Poderei colocar duvidas ou questões minhas aos investigadores deste projeto? Como poderei faze-lo?

Sim pode! Será com todo o gosto que ajudaremos. Poderá enviar um mail particular para o endereço do projeto, ou especificamente para um dos investigadores, cujos correios eletronicos estão publicitados. Não deve colocar questões particulares sob a forma de comentário, pois será totalmente visivel na página, o que não nos parece correto. (Veja algumas questões que nos têm colocado)

1 - Quais os principais cuidados a ter com o recém-nascido na hora da
amamentação (a horas ou a pedido, como segurar o bebé, amamentar sentada ou
deitada, em que "cenário/contexto), até quando amamentar?

As evidências científicas revelam de
que a amamentação é a melhor forma de alimentar o recém-nascido pelo menos até
aos seis meses, pelo que as autoridades de saúde (OMS) recomendam a sua
implementação através de políticas e ações que de algum modo previnam o seu
abandono precoce, sem razão aparente.

O leite materno traz vantagens para
o próprio recém-nascido que o consome, para a mãe e para a própria família e
sociedade. Relativamente ao bebé o leite materno contém água em quantidade
suficiente. Mesmo em climas quentes e secos o bebé que faz aleitamento materno
não precisa de suplemento de água; está adaptado à insuficiência digestiva e
renal do bebé; previne infeções gastrointestinais, respiratórias, urinárias,
dos ouvidos e problemas de estômago; protege das alergias e reduz o
aparecimento de eczemas; assegura o crescimento e desenvolvimento do bebé até
aos 4/6 meses de vida; estabelece uma relação privilegiada entre mãe e filho; faz
com que o bebé tenha uma melhor adaptação a outros alimentos; a longo prazo
parece ser importante na prevenção da diabetes e linfomas e ajuda a suprimir a dor
pelas endorfinas que contém. Para a mãe favorece a rápida recuperação da forma
física: a involução uterina é mais precoce e as gorduras acumuladas durante a
gravidez são utilizadas na produção de leite; atrasa a menstruação permitindo o
armazenamento de ferro; associa-se a uma menor probabilidade de ter cancro da
mama e dos ovários e diminui o risco de osteoporose. O aleitamento materno é o
mais económico para a família. Bebés amamentados adoecem menos, o que se traduz
em menor preocupação e mais tempo para toda a família. Permite maior
mobilização por ter grande facilidade de transporte e de preparação fora do
lar, por outro amamentar é um ato ecológico. A produção de biberons e tetinas é
cara, usa recursos naturais, causa poluição na sua produção e distribuição e
cria lixo no seu empacotamento, promoção e exposição.

Sabendo destas vantagens todas,
gostaria de passar a informação que as mulheres que não amamentam, por
variadíssimos motivos, não são piores mães em relação às que amamentam. Se por
um lado há uns anos atrás descurava-se um pouco os aspetos ligados à
amamentação, hoje, algumas mulheres têm medo de dizer que não querem amamentar,
o que faz com que comprem a primeira lata de leite na prateleira do supermercado
sem o aconselhamento de um profissional de saúde. O ideal é que as nossas
mulheres estabeleçam uma relação de confiança com os profissionais de saúde,
nomeadamente com os enfermeiros e com os médicos e com a ajuda deles estas
mulheres se sintam apoiadas nas suas decisões.

A amamentação deve ser iniciada na
primeira meia hora após o parto, em que se encoraja a mãe a dar de mamar sob regime livre (sempre que o bebé quiser),
por outro, não se deve dar tetinas ou chupetas a crianças amamentadas, até que
esteja bem estabelecida a lactação.

Muitos dos
problemas que surgem com a amamentação derivam de uma pega incorreta por parte
do recém-nascido à mama, por isso, para que o bebé faça uma pega adequada, deve
estar posicionado muito próximo da mama, de frente para ela. O bebé tem de ter
a boca muito aberta, com ambos os lábios invertidos, a mama bem dentro da boca
e a língua debaixo da aréola, fazendo força com a língua para cima e na sua
direção. O bebé mama na aréola e não no mamilo. Os lábios do bebé devem estar
virados para fora e a sua língua sobre a gengiva inferior. O bebé pode mamar em
várias posições, quem deve definir qual a melhor posição é sempre a mãe junto
do seu filho, para que ambos se sintam confortáveis e a mãe possa facilitar os
reflexos orais do bebé, ajudando-o a abocanhar a porção adequada da mama (pega
correta). Assim, o bebé deve estar bem apoiado pode remover o leite
efetivamente, deglutir e respirar livremente.


O que fazer em caso de regurgitação ou bolsar da criança? (Não sei se os
termos estão corretos) Quando deve ser preocupante? Como atuar?

A regurgitação que volta e meia
ocorre no recém-nascido é normal devido à imaturidade digestiva, o esfíncter
(ou válvula) que separa o estômago do esófago ainda não funciona bem. Se o bebé
regurgita com regularidade e de forma sistemática, os pais devem procurar o
aconselhamento de um profissional de saúde, para despiste de outras situações
que possam estar associadas.


Como pode a mãe perceber que o leite materno não é suficiente para a criança? Que quantidade de biberão deve ser dado?

Mais uma vez, face a esta questão,
não há receitas e o que é verdade para um bebé e para uma mãe, para um outro
bebé ou outra mãe o mesmo não se aplica. O que é fundamental é que o bebé seja
vigiado pelo seu médico assistente e de forma semanal ou quinzenal pelo seu
enfermeiro. A vigilância do crescimento de uma criança e do seu desenvolvimento
são adequadamente asseguradas pelos enfermeiros de cuidados gerais e
enfermeiros especialistas que trabalham nas nossas instituições, quer ao nível
dos cuidados de saúde primários, quer ao nível hospitalar, portanto, hoje os
pais, podem facilmente recorrer a estes profissionais (sem gastarem dinheiro)
com vista a esclarecerem a suas duvidas e a avaliar se a amamentação está a
assegurar o correto crescimento do bebé. Caso tal não se verifique, o
profissional de saúde orientará, podendo ser necessário ou não, a introdução de
aleitamento artificial.


Como adormecer o bebé: na cama, na cadeirinha do carro (ovo), no colo?
Estabelecer regras é elementar? Quais e quando?

Hoje muito se discute sobre estas
temáticas. Passámos de modelos conceptuais muito rígidos de que os bebés não
devem adormecer ao colo, não se deve abanar o bebé, as crianças não devem
dormir na cama dos pais... etc, etc, para abordagens mais realistas das
necessidades dos bebés e dos pais.

O que é consensual é que um
recém-nascido deve dormir em decúbito dorsal (de barriga para cima), pois a
evidência mostra-nos que diminui o risco de morte súbita. Obviamente os pais
ficam muito ansiosos quando um bebé chora, e um bebé chora porque sente falta
do ritmo aconchegante que du­rante nove meses teve no útero ma­terno. Para um
recém-nascido, a adaptação à vida extrauterina é difícil, portanto nós
precisamos de bebés seguros, aconchegados junto aos pais e protegidos do mundo
que os passa a rodear. Há teóricos que nos dizem que um recém-nascido
precisaria de um quarto trimestre no útero materno. Como os bebés nascem no
terceiro trimestre (9 meses de gestação), é cá fora que fazem este quarto
trimestre e portanto os pais devem promover o aconchego de um útero. Os bebés
precisam de estar com os pais, do colo e aconchego da mãe.....portanto, quanto
mais tempo com eles melhor e ao colo, melhor ainda. Eu sou muito pouco rígida
neste aspeto e portanto nos primeiros seis meses muita paz e tranquilidade,
muito colo, afeto, mimos, envolver os irmãos nos cuidados...é o tempo de o bebé
aprender a confiar em nós...depois virão as regras.


Nos hospitais, os "ensinamentos" mudam de quando em vez: Ora se defende
que os bebés devem ser colocados de lado para dormir, ora de barriga para
cima, ora com a cama ligeiramente inclinada... O que é prática atual? Quais
as vantagens? Por que tanta mudança?

As coisas vão mudando à luz daquilo
que a evidência científica nos revela. É mesmo assim, e assim deve ser. Hoje,
nós vamos produzindo investigação que nos revela que algumas práticas são
desaconselhadas, o que é excelente, mal seria se estivéssemos da mesma forma
que há 20 anos atrás. Nas nossas práticas clinicas e o que ensinamos aos nossos
futuros licenciados em enfermagem, é que devem desenvolver práticas baseadas na
evidência, em que muita dessa evidência somos nós que a produzimos, portanto o
caminho é este, e a enfermagem enquanto ciência, faz este caminho também, o da
investigação e o da sustentação da prática clinica com os resultados da
investigação.

Face à forma que colocamos os nossos
bebés a dormir, hoje a Síndroma da Morte Súbita do Lactente (SMSL), suscita o
maior interesse em todo o mundo desenvolvido, onde é muitas vezes a primeira
causa de mortalidade no 1º ano de vida. Em muitos países a colocação dos
recém-nascidos de barriga para cima (decúbito dorsal) reduziu
significativamente a taxa de mortalidade por SMSL. A Sociedade Portuguesa de Pediatria
elaborou no ano de 2000 uma proposta de consenso para a redução do Risco de
SMS, que todos nós adotámos e que se baseia nos vários estudos epidemiológicos,
incluindo milhares de lactentes que demonstram que a posição mais segura para
dormir é em decúbito dorsal permitindo reduzir a mortalidade entre 20 e 67%,
sem aumento do número de mortes por aspiração de vómito.


Também na higiene no bebé, as regras vão mudando. Segundo alguns
testemunhos, ora se dá banho apenas depois do cordão umbilical cair, ora
mesmo no hospital e em casa podendo molhar o cordão, ora se defende que
quantos menos banhos melhor. O que é aconselhado agora aos pais e porquê?
Qual a melhor para dar banho? Quais os cuidados a ter?

Por acaso nunca tinha ouvido a
abordagem de dar banho apenas depois do cordão cair (o que normalmente acontece
após vários dias). O coto do cordão umbilical deve permanecer o mais seco
possível, portanto os cuidados com o coto do cordão passam por após o banho os
pais secarem muito muito bem o coto. Sempre que o bebé vai ao seu enfermeiro o coto
do cordão umbilical é vigiado, tal como a zona circundante e portanto todas as
duvidas devem ser esclarecidas nesses momentos. Relativamente ao banho não
existe uma regra, se o recém-nascido necessita de tomar banho todos os dias,
não tem problema, se é um recém-nascido com uma pele mais seca, desidratada, ou
está muito frio, pode alargar-se o tempo e passarmos para dias alternados. O
que impera é o bom senso e a calma. Cada menino e cada família têm a sua
história e realidade, mais que nunca, nos tempos de hoje temos que olhar para
ela.


Quanto à muda de fraldas, são aconselhados toalhetes? Desde o nascimento
ou mais tarde? Há quem use algodão e água para limpar o rabinho do bebé nas
primeiras semanas? Esta é a recomendação? E quanto aos cremes hidratantes,
qual a melhor escolha? Devem ser utilizados em cada muda?

Costumo orientar os estudantes que
primeiramente utilizem algodão ou compressas com água tépida na muda das
fraldas dos recém-nascidos, tal como as mães. Depois com o passar dos dias,
testamos o toalhete numa zona cutânea do recém-nascido e se não houver
alterações as mães passam a usar.

Não vale a pena hoje dizermos às
mães para não usar toalhetes, os toalhetes fazem parte das nossas vidas e
portanto usa-se os toalhetes salvaguardando todas as questões. Caso surjam
alterações cutâneas no bebé retiramos. Quanto aos cremes hidratantes, existem
múltiplos no mercado, e portanto cabe ao profissional de saúde que vigia o bebé
de orientar nesse sentido caso haja necessidade.


Nalguns hospitais, é recomendado às mães não habituar os bebés à
chupeta? É prática comum nos hospitais? A chupeta é nefasta? Porquê? Quando
deve ser retirada?

Enquanto a amamentação não estiver
estabelecida não se devem usar chupetas. Penso que os profissionais não devem
ter uma atitude hostil quando as mães trazem as chupetas nas malas, é normal
que assim seja, a publicidade induz a isso.

Eu já vi mães com medo e a esconder
a chupeta dos profissionais de saúde. Quando eles se ausentavam lá iam elas
colocar a chupeta. Não há relação de confiança se assim for, o que temos de
fazer é explicar o motivo da não utilização da chupeta e tentar negociar com
aquela mãe, senão estamos todos contentes a pensar que a mãe não colocou a
chupeta e isso não é verdade. Compreendo que a chupeta pode em alguns momentos
tranquilizar um bebé e uma criança, mas até aos dois anos de idade da criança a
chupeta progressivamente deve ser retirada pelas alterações dentárias a que
está associada.


Quais são as recomendações no que toca ao uso de "bombas" de extração
de leite? É possível em qualquer altura? O leite pode ser congelado? Como e
durante quanto tempo?

O uso de bombas de extração de leite
são muito uteis para as mães retirarem o seu leite e armazena-lo, podendo
utilizar esse leite quando não estão com o seu bebé ou para prolongar o
aleitamento materno. O leite materno pode ser conservado no frigorífico ou no
congelador, em recipientes próprios para alimentos: sacos de congelação, para
curtos períodos de tempo, aproximadamente 72 horas, recipientes de plástico
rígido ou vidro, com tampa, para períodos de tempo alargados. Ambos devem ser
devidamente identificados. Os tempos de congelação variam com um conjunto de
fatores, pelo que as mães devem pedir orientação ao profissional de saúde. Quando
se pretende descongelar leite, é importante que se consuma em 1º lugar, o
guardado há mais tempo. A descongelação deve ser feita de uma forma lenta,
preferencialmente dentro do frigorífico. Após descongelado deve ser consumido
nas 24 horas seguintes e não deve ser congelado novamente. O micro-ondas
continua a não estar indicado para descongelar ou amornar o leite humano.


Itens: 1 - 10 de 11

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